Investigação de mortes de dois jovens em ação policial na BA segue sem conclusão; PM diz que houve confronto e famílias negam

  • 05/11/2025
(Foto: Reprodução)
Morte de dois jovens em Camaçari é investigada pela perícia O dia 8 de julho de 2024 continua vivo na memória de Jaimilson e Silvânia. Foi a data em que os filhos deles, Gilson Jardas de Jesus Santos, de 18, e Luan Henrique Rocha de Souza, de 20 anos, foram mortos durante uma ação policial no loteamento Canto dos Pássaros, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Três meses depois, o caso ainda não foi concluído e o inquérito policial obtido com exclusividade pela TV Bahia coloca em questão a versão apresentada pela Polícia Militar. Na época, a 59ª Companhia Independente da PM (CIPM/Abrantes) informou que os jovens reagiram a uma abordagem e atiraram contra os policiais, que teriam revidado. Com os dois, conforme o registro, foram apreendidas duas pistolas calibre .40, uma espingarda calibre 12 e uma réplica de pistola. 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Jovens são mortos a tiros durante ação policial em Salvador Reprodução/Redes Sociais No entanto, familiares e moradores do bairro sempre contestaram essa versão. “Eles não estavam armados. Foram executados dentro de casa”, afirmou Silvânia em vídeo gravado logo após o crime, que repercutiu nas redes sociais. Os documentos da investigação, aos quais a equipe da TV Bahia teve acesso, mostram uma série de inconsistências. O GPS da viatura indica que o carro da PM ficou parado em frente à casa de Gilson por 27 minutos, entre 13h56 e 14h23. A perícia feita no imóvel revelou marcas de sangue sobre um sofá de dois lugares e uma perfuração de bala na parede atrás do móvel, o que sugere que os disparos aconteceram dentro da residência. Outro trecho do laudo aponta “ausência de perfurações de arma de fogo na parte externa da casa, como paredes e portas”, o que contradiz a alegação de troca de tiros. Além disso, o inquérito aponta que a viatura usada na operação foi periciada “não apresentou dano causado por projétil de arma de fogo”, e os exames de pólvora combusta nas mãos dos jovens não detectaram partículas de chumbo, descartando indícios de que eles tenham disparado armas. O perito forense Eduardo Lanos, presidente da Seweell Criminalística (Secrim), empresa que atua em perícias criminais particulares, analisou os documentos e afirmou que os elementos técnicos não indicam confronto. “Quando há troca de tiros, obrigatoriamente há vestígios nas mãos, nas roupas, nas paredes. Não há tiros nas paredes e nas portas, explicou Llanos. Ele também destacou a posição dos ferimentos. Gilson foi atingido no peito, enquanto Luan recebeu um tiro que atravessou o braço esquerdo e atingiu o coração. “Esse tipo de ferimento é compatível com uma postura de defesa, como se tentasse se proteger de um disparo”, afirmou o especialista. O laudo balístico identificou que o projétil encontrado no corpo de Luan era de calibre 5.56, comum em carabinas e fuzis. Uma das armas apresentadas pelos policiais é uma carabina desse calibre, mas, segundo Eduardo, há diferenças entre as ranhuras da arma e o projétil recuperado, e isto poderia ser burlado. A Polícia Civil informou que o inquérito foi concluído em 18 de julho, mas o Ministério Público da Bahia (MP-BA) devolveu o procedimento, pedindo a reconstituição da ação, que ainda não foi realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Em nota, o MP disse que “acompanha o caso” e que “resta o cumprimento de diligências essenciais, entre elas a reprodução simulada dos fatos”. Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que todas as mortes decorrentes de intervenção policial são investigadas pela Polícia Civil e pelas corregedorias correspondentes. A PM da Bahia informou que os policiais envolvidos foram afastados das atividades operacionais e direcionados para atendimento psicológico. O processo de apuração interna segue em andamento. Os militares identificados como integrantes da ação são o subtenente Jomário Prata Gois Santana, chefe da guarnição, e os soldados Fábio da Silva Menezes, Reinilson da Silva Brito e Danilo Silva de Santana, do Patrulhamento Tático Operacional (Peto) da 59ª CIPM. Enquanto aguardam a reconstituição e o desfecho da investigação, as famílias de Luan e Gilson vivem com medo, mas mantêm a esperança. Silvânia e Jaimilson se reencontraram três meses após o crime. "Eu venho aqui em Camaçari, mas em pânico. Não consigo nem sair, nem fazer nada. O mais rápido que esse processo seja agilizado, para a minha família será motivo de consolo e proteção, porque a gente está vivendo escondido", disse Silvânia, mãe de Gilson. "Já que a justiça de Deus está sendo feita, que a dos homens seja feita, é o que eu espero. Não vai trazer meu filho de volta, mas vai me dar um consolo em saber que meu filho não partiu em vão", falou o pai de Luan. Perito afirma que jovens não atiraram contra PM em Camaçari Relembre quem eram as vítimas Gilson era o irmão mais velho de três filhos, trabalhava em uma fazenda de eucaliptos, e estudava para se batizar como Testemunha de Jeová. A namorada de Luan Henrique, que trabalhava como ajudante de pedreiro, está grávida, e ele já tinha um filho de um ano e oito meses. Conforme Maria Silvânia, mãe de Gilson Jardas, os dois amigos estavam na frente da casa dela, quando os policiais passaram na viatura, fizeram o retorno e abordaram os jovens. De acordo com Maria Silvânia, testemunhas viram o momento que os policiais mandaram os dois entrar no imóvel. Em seguida, os vizinhos ouviram dois tiros. Logo depois, conforme os relatos dos moradores, Gilson e Luan foram retirados da casa e colocados no porta-malas da viatura. "Eu vivi uma cena de horror, porque sempre ensinei para meus filhos que polícia protege. Ensinava que polícia era do bem e de repente, vi meu filho saindo morto, sendo executado dentro da casa dele, foi uma cena de terror", lamentou Maria Silvânia. Vídeos mostram desespero de mãe Vídeo mostra desespero de mãe após morte de jovem em ação policial na Bahia Vídeos gravados por moradores circulam na internet mostram familiares revoltados com as mortes dos jovens. Em uma gravação, o corpo de Gilson Jardas aparece no porta-malas da viatura da Polícia Militar. A mãe de um deles, desesperada, se aproxima e contesta a versão dos policiais: "Senhor, vocês mataram meu filho". Nas imagens, é possível ouvir que o agente responde: "Sim, mãe, mas a gente vai dar socorro. Se demorar, é pior". A mulher rebate: "Ele não estava armado. Cadê a arma?". Em outro momento, a mãe de Luan Henrique grita. Segundos depois, o jovem aparece carregado pelos policiais: "Luan! Luan! Meu Jeová! Vocês mataram meus filhos. Vocês disseram que trocaram tiros... Cadê a arma?", questionou aos prantos. "O pecado será perdoado, mas vocês vão responder diante de Deus", completou a mulher. No vídeo, os vizinhos ainda hostilizam os policiais com gritos de "assassinos". Vídeos gravados por moradores circulam na internet mostram familiares revoltados com as mortes dos jovens. Reprodução/Redes Sociais Comandante-geral da PM comenta caso O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, Antônio Carlos Silva Magalhães, comentou o caso dos dois jovens mortos durante uma ação policial em Camaçari. "Nós nos solidarizamos com as famílias pela situação específica e já adotamos as medidas preliminares investigativas, já pedimos ao Ministério Público para acompanhar. Se houve erro, nossos policiais vão pagar pelos seus erros. Minha Polícia Militar não é de erros, é uma polícia de busca constante por acertos", afirmou o comandante-geral. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também comentou o caso. Além de se solidarizar com as famílias, ele afirmou que pediu para o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, tratar o caso com celeridade. "Pedi ao secretário que pudesse zelar pela agilidade do procedimento para que a gente possa em breve ter a resposta de uma perícia, de um relatório, e assim tomar decisões a partir do que aconteceu", afirmou. Em entrevista ao Bahia Meio Dia, o delegado-geral da Polícia Civil, André Viana, foi questionado sobre o assunto. Ele reconheceu que a tecnologia é importante para a elucidação de casos. "Já existe um processo e estudo por especialistas no sentido de dar a devida análise referente a utilização dessas câmeras. Eu realmente entendo que nós temos que aprofundar todo aparato tecnológico que precisa ser aprofundado para dar as respostas que a sociedade realmente espera", afirmou. Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/11/05/investigacao-de-mortes-de-dois-jovens-na-bahia.ghtml


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